ÁTILA LEÃES DORNELES – CRIADOR DA SEMANA
Para Dorneles, Brangus é uma certeza: “Acredite nesta raça, pois ela é maravilhosa”
A tradição da família Dorneles com a raça Brangus já completa quase um século. E um dos frutos desta geração de pecuaristas, o engenheiro agrônomo, Átila Leães Dorneles, da Estância Olhos D´Água, de Alegrete, no Rio Grande do Sul, não é diferente. Atual presidente do Núcleo Brangus Sul Riograndense, Átila garante que ”se existe uma maneira de se agregar qualidade na carne que se produz no Brasil central é com a raça Brangus”. Para conhecer um pouco mais essa trajetória, leia a entrevista completa De Átila Dorneles, o nosso CRIADOR DA SEMANA.
ABB - Há quanto tempo trabalha com pecuária?
Dornelles- Tanto a família da minha mãe como do meu pai sempre trabalharam com a pecuária. Antes dependendo exclusivamente da produção primária. Somente o titular da “Olhos D´Água”, Antonino Souza Dorneles, meu pai, formado em Medicina, passou a ter também outra fonte de renda.
ABB - Deste período, desde quando optou por criar animais da raça Brangus?
Dornelles - Desde o inicio do século, mais precisamente 1910. Meu avô, Átila Soares Leães, mantinha um plantel de Aberdeen Angus para fazer touros para o “gado geral”. Plantel este que minha mãe herdou na divisão com meus tios em 1968. Portanto sempre tivemos gado cruzado com Angus. Em 1972, meu pai soube dos primeiros cruzamentos na Embrapa para a formação do Ibagé [primeiro nome dado a raça Brangus no Brasil] e passamos a fazer também cruzamentos de touros nelore com o plantel de Angus.
ABB - Por que fez esta escolha? Está satisfeito com os resultados?
Dornelles - Fizemos esta escolha por notarmos uma grande adaptação do Brangus ao tipo de clima e solo na nossa região (solos fracos arenosos e campos “grossos”, com pasto de pouca qualidade), além de verões muito quentes (entre 35°C e 40°C) e invernos muito rigorosos (de 0°C a 5°C). A raça Brangus sempre demonstrou excelentes resultados em criação extensiva (baseada em campos nativos sem uso de suplementação), manejo que predomina na nossa região. Ela demonstra muita precocidade (tanto reprodutiva como de engorda), assim como excelente qualidade de carne (características herdadas da raça Angus) e agrega aquele “toque” de rusticidade na quantidade certa (herdada das raças zebuínas). É sem duvida a raça ideal para se criar na nossa região!
ABB - Como presidente do Núcleo Brangus Sul Riograndense, como acha que a raça se comporta no mercado nacional?
Dornelles - Se existe uma maneira de se agregar qualidade na carne que se produz no Brasil central é com a raça Brangus! É a única maneira de agregar sangue Angus (qualidade de carne e precocidade) e ter capacidade de trabalhar a campo, em grandes extensões de terra, com calor, umidade e suportar endo e ectoparasitas.
ABB - O sul do país é muito tradicional na criação da raça Brangus, tanto que a Associação Brasileira de Brangus foi fundada no Rio Grande do Sul. Quais as vantagens de criar Brangus nesta região?
Dornelles - As nossas vantagens são as mesmas faladas anteriormente, agregando a isso que estamos em um estado eminentemente de PECUÁRIA, portanto há SEMPRE uma grande demanda por reprodutores de alta qualidade, principalmente pelas sintéticas, pois hoje o antigo “cruzador” (que cruzava zebu x angus x charoles x hereford, entre outros) passou a se dar conta que é muito mais simples usar uma raça sintética (Brangus) e conseguir manter a heterose em um nível bom. Isso obtém PADRONIZAÇÃO em seus produtos, agregando qualidade de carne, precocidade e rusticidade. E para produzir carne de qualidade a campo, transformar capim em proteína com baixo custo, só com a raça Brangus.
ABB - E em outras regiões?
Dornelles - Nas regiões mais ao norte do Brasil, mais importante ainda é o fator RUSTICIDADE, para enfrentar CALOR, UMIDADE, ENDO E ECTOPARASITAS. Portanto entra em discussão um biótipo Brangus com uma porcentagem maior de zebu (3/4, ½ e 5/8 zebu) de acordo com o ambiente de cada criador.
ABB - Quais as vantagens da raça Brangus em relação a outras raças?
Dornelles – Além de todas as mencionadas até aqui, a raça Brangus é única que consegue agregar de maneira harmoniosa as maiores qualidades da raça Angus e das Zebuínas. Isso traz ainda um grau de heterose importante no cruzamento industrial.
ABB – Quais as expectativas da Expointer 2008?
Dornelles - São as melhores possíveis, pois vivemos no Rio Grande do Sul, e no Brasil, um momento empolgante na pecuária de corte com o quilo vivo do boi batendo na casa dos R$ 3,00 (US$ 1,80) e a demanda por reprodutores das raças britânicas e suas sintéticas cada vez maior. E ainda, pela primeira vez em muito tempo, existe a possibilidade dos criadores do norte do Brasil participarem da feira, pela abertura das fronteiras. Isso nos deixa realmente empolgados.
ABB - Qual a importância para raça Brangus de participar de um evento como esse?
Dornelles - A Expointer é a maior feira de pecuária de corte do Brasil nas raças Britânicas e suas sintéticas. É neste momento que elas [raças] são comparadas pelos nossos futuros clientes, portanto é fundamental sermos muito bem representados e mostrarmos para o mundo o nosso potencial genético.
ABB - No seu criatório, tem algum reprodutor representado em centrais atualmente?
Dornelles - Hoje contamos com um reprodutor na ABS, o nosso primeiro grande reprodutor “UDO”, hoje com 11 anos ainda produzindo sêmen. Temos também três reprodutores na Alta Genetics/Progen, o “PRINCE”, terceiro melhor macho Expointer 2002. Além de “TUTOR” E “NITRO”, Grande Campeão Expointer 2006.
ABB - Para obter sucesso com a raça, qual o segredo?
Dornelles - O segredo é simples: “TER PAIXÃO POR AQUILO QUE SE FAZ” e se dedicar ao máximo a tarefa de selecionar os melhores animais, dando preferência aos mais adaptados ao seu meio de criação.
ABB - Qual sua dica aos novos criadores?
Dornelles - Acredite nesta raça, pois ela é maravilhosa!