Troca de comando no JBS

Wesley Batista, o irmão do meio do clã que comanda o grupo JBS, assumiu ontem a presidência executiva do maior frigorífico do mundo. Ele está de volta ao Brasil após uma temporada nos Estados Unidos, quando tocou, entre outros negócios, a integração da Pilgrim"s Pride, adquirida em setembro de 2009.

Joesley Batista, o caçula dos três irmãos de Goiás, deixa o cargo de CEO, mas permanece na presidência do conselho de administração, cuidando das decisões estratégicas. A mudança não surpreendeu o mercado, porque mantém a administração familiar. Também não é a primeira vez que os irmãos trocam de posição na empresa.

"Terminamos a consolidação das aquisições que fizemos nos Estados Unidos, Brasil e Austrália. O próximo grande desafio é integrar as operações de todos os países. Nada mais natural que o Wesley, que já toca 70% do negócio, assumisse como CEO", disse Joesley Batista ao Estado.

Joesley ficou cinco anos no comando da companhia fundada por seu pai, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, em Anápolis (GO), há 58 anos. Na sua gestão, a empresa partiu para um agressivo processo de internacionalização via aquisições, como as americanas Swift e Pilgrim"s Pride e a brasileira Bertin.

A troca no comando do JBS, no entanto, ocorre em um momento delicado, porque as ações da empresa têm sido castigadas na bolsa. O valor de mercado do grupo está em R$ 15,8 bilhões, inferior ao seu patrimônio, que chega a R$ 18,9 bilhões. Dois temas preocupam os investidores: os rumores da aquisição da Sara Lee e a negociação com o BNDES para uma nova emissão de debêntures.

Desde o início do ano, as ações do JBS caíram 10,74%, fechando ontem a R$ 6,40. Em 2010, os papéis já haviam perdido 22,8% do valor. A queda mais recente foi causada pelo receio do mercado de que o JBS elevaria muito o seu nível de endividamento caso adquirisse a gigante do setor de alimentos Sara Lee.

Joesley nega que esteja negociando a compra da empresa americana, mas não descarta o negócio. "A Sara Lee é uma empresa que nós respeitamos. Já avaliamos e seguimos avaliando, dependendo do preço", disse. Na visão dos analistas, o negócio faz sentido, porque a Sara Lee tem marcas fortes no mercado americano, enquanto o JBS domina a produção de carne.

O problema, para analistas, é que a Sara Lee não "cabe no balanço" do JBS. Depois das diversas aquisições, a dívida da brasileira equivale a três vezes o fluxo de caixa, um patamar alto. Com a aquisição da Sara Lee, esse indicador "explodiria", ultrapassando os 4,75 estabelecido entre o JBS e os bancos credores.

Na semana passada, circulou a informação de que a Sara Lee vai se dividir em duas empresas, uma com as operações de bebidas (especialmente café) e outra de proteína (carnes). Se o JBS optar por comprar só a divisão de carnes, o negócio não exigiria tanta alavancagem.

Para adquirir a Pilgrim"s, o JBS levantou R$ 3,4 bilhões com o BNDES, que subscreveu praticamente todas as debêntures emitidas pelo grupo. A operação provocou reclamações de favorecimento do JBS pelo banco.

A empresa renegocia agora a rolagem dessa dívida com o BNDES e anunciou, no final do ano, que deseja fazer uma nova emissão de R$ 4 bilhões para substituir a antiga. Segundo Joesley, a negociação está em fase final e o negócio deve ser anunciado dentro de dois meses.

Na primeira operação, o JBS descumpriu uma cláusula do contrato que determinava a abertura do capital da companhia nos Estados Unidos, porque o momento era desfavorável. O contrato obrigou a empresa a pagar uma multa de R$ 500 milhões para BNDES. "Já quitamos integralmente esse prêmio com o banco", garante Joesley. Com informações do portal Estadão

Fonte: Pecuária.com

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