União traz lucros ao pecuarista
Cerca de 40% de tudo que se produz na agropecuária brasileira passa por uma cooperativa e onde tem a presença de uma cooperativa a renda média líquida do agricultor chegar a superar em duas vezes e meia a de um produtor que não é cooperado, segundo o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas. Porém, ele afirma que até o momento o modelo de cooperativismo não conseguiu entrar na pecuária.
“Primeiro, as pessoas precisam querer se unir”, observa. “A organização tem peso político, é uma importante aliada na reivindicação do setor, além de facilitar a colocação de assuntos como a carga tributária na pauta do governo para rever posições.”
BARREIRAS
Mas existem barreiras para a formação de cooperativas. A primeira delas é a questão tributária. “As cooperativas têm uma contabilidade muito exposta e não podem trabalhar na informalidade, razão pela qual não conseguem competir no segmento”, aponta. “Na pecuária de corte reina uma grande informalidade e se há informalidade é porque a carga tributária é muito pesada”, observa. “Estima-se que grande parte do boi abatido no Brasil morre sem nota”, destaca.
Outro entrave, diz, é a cultura dos pecuaristas. “Eles criam uma estrutura muito independente e têm dificuldade de se agregar em cooperativa”, afirma.
SAÍDA
Na opinião de Freitas, no mundo globalizado, para resolver o problema de agregação de renda no meio rural só existe uma saída: ou o produtor se organiza e participa dos outros elos da cadeia ou está fora. “Iniciativas individuais só têm êxito se o pecuarista for grande o suficiente para fazer investimentos ou para ter poder para negociar, mas qual é o produtor de boi que tem condições de encarar os frigoríficos?”, questiona.
“A saída, portanto, é unir esforços, formar uma base de investimento sólida e entrar no processo de agregação de valor, por meio de associações e cooperativas.”
Na opinião de Freitas, o pecuarista deve participar do processo antes e depois da porteira, buscando fornecedores diretos, para eliminar os atravessadores, além de procurar alternativas para reduzir custos e negociar a produção.
Mas já há algumas iniciativas de cooperativas nos Estados de Goiás e Rondônia, além de Paraná e Mato Grosso, ambas em fase inicial. Na maioria dos casos, porém, é mais voltada para exportação, para fugir da informalidade do mercado interno.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo