Otimizando a produção
Fazenda Mutuca multiplica mais rapidamente a genética de seus animais de qualidade superior
Na pecuária de corte desde os ano 80, a Fazenda Mutuca se tornou referência no uso de alta tecnologia, produzindo, através de genética e nutrição de ponta, novilhos superprecoces com ótima qualidade de carne.
Uma década mais tarde, passou a selecionar a raça Brangus, buscando acrescentar ao plantel características como precocidade, fertilidade e rusticidade. Em 1996, o criatório passou a avaliar seus produtos através do programa Gensys/ Natura, dando assim maior confiabi- lidade e embasamento científico ao processo seletivo.
A partir da identificação das fêmeas com melhor consistência genética, o estabelecimento passou a multiplicar o rebanho através da transferência de embriões (TE). “Por ser uma raça sintética, a seleção do Brangus requer um grande número de animais e a transferência de embriões acaba sendo uma ótima ferramenta para antecipar esse processo, pois permite otimizar a genética e multiplicar esse material mais rapidamente”, ressalta Augusto Caldeirão. “Através do processo normal uma fêmea teria apenas um produto anual. Com a TE podemos ter 30 produtos por ano, com cinco, seis touros diferentes. Essa é uma das vantagens da técnica: provar mais rapidamente os ani- mais”, emenda, informando que já foram produzidos mais de três mil embriões nos últimos 14 anos.
Com um plantel de doadoras formado por pelo menos 60 matrizes, o criatório sediado em Tapejara (PR) já produziu, através da TE, vários reprodutores que se encontram em centrais de inseminação, além de inúmeros campeões de exposições, com destaque para o touro Malibu, ainda em coleta, e para sua filha Califórnia, Grande Campeã da Exposição Nacio- nal 2009. “As exposições aferem nosso trabalho, servem como um termômetro para ver se estamos no caminho certo, produzindo animais de boa produtividade”, observa Caldeirão, explicando que o trabalho de transferência de embriões é coordenado pelo médico veterinário Marcelo Costa.
Como Funciona
Após a seleção das matrizes que estão em boas condi- ções reprodutivas é feita uma palpação de ovário para ver as que estão ciclando normalmente. Em seguida, as esco- lhidas são induzidas a superovulação, através de hormô- nios, e inseminadas, sendo que após sete dias é feita uma lavagem para a retirada dos embriões, que então são sele- cionados e implantados nas receptoras. “Temos um cuidado para que todos os embriões sejam de alta qualidade, princi- palmente os que serão congelados, pois estes são sempre o top da produção”, prossegue Caldeirão, explicando que não há prazo de validade conhecido para o produto, desde que bem armazenado em botijão criogênico.
Segundo ele, o número de embriões depende muito de cada família identificada dentro do criatório. “Nossa média gira em torno de 10 e 11 embriões viáveis, no entanto, já tivemos doadoras que produziram mais de 50 embriões por lavagem”, revela. O produtor explica ainda que não exis- te um número limite de lavagens, porém recomenda que o ideal é fazer três coletas e intercalar com uma prenhez natural, visando não afetar a vida reprodutiva da fêmea. “Por se trabalhar com superovulação, ou seja, um estímulo hormonal, deve-se ter o cuidado de não explorar demais a fêmea, pois isso pode causar um desequilíbrio e afetar sua vida reprodutiva ou, até mesmo, levar à morte”, alerta Caldeirão, sugerindo também um intervalo mínimo de 45 dias entre uma superovulação e outra.
De acordo com ele, a transferência de embriões deve ser iniciada por volta dos 17-18 meses, visto que a doadora deve estar bem madura sexualmente, podendo ser realizada durante todo o tempo em que a fêmea estiver dando boa resposta. “Temos doadoras com 12- 13 anos de idade que ainda produzem muito bem”, completa Caldeirão.